Tratamento da Doença de Parkinson: Conheça as alternativas

Ana Rosa • 4 de junho de 2024

O tratamento da doença de Parkinson é bastante complexo. A abordagem terapêutica deve ser individualizada em cada caso e de acordo com a fase da doença em que o paciente se encontra. Isso inclui o uso de remédios, terapias multidisciplinares, exercício físico e também algumas estratégias de neuromodulação podem ser utilizadas, sejam elas cirúrgicas ou não invasivas. 


Tratamento Medicamentoso


Os remédios utilizados para o Parkinson podem tratar sintomas motores e não motores. Cada medicação é baseada na queixa do paciente, com dose e quantidade variando conforme a substância e sintomas. Utilizamos medicamentos que repõem a dopamina, o neurotransmissor mais afetado na doença. Esses remédios incluem levodopa, agonistas dopaminérgicos e inibidores enzimáticos. Eles têm efeito nos sintomas motores, mas também podem melhorar sintomas como ansiedade e depressão. Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, enjoos e sonolência.


Terapias Físicas e de Reabilitação


A reabilitação multidisciplinar é fundamental no tratamento do Parkinson. Todos os pacientes devem realizar essa intervenção terapêutica em alguma fase da doença. Ela auxiliará no melhor controle dos sintomas associados aos medicamentos. Inclusive, algumas queixas não respondem tão bem à medicação como o fazem com a reabilitação; como é o caso do congelamento de marcha.


Fisioterapia


A fisioterapia realizará exercícios que irão tonificar a musculatura, gerando melhor desempenho nos movimentos, mas também auxiliar na mobilidade, melhorando o equilíbrio, a coordenação e o autocontrole. Também é imprescindível para os sintomas axiais do Parkinson, pois auxilia na melhora da postura, auxiliando na redução do risco de quedas e na melhora da funcionalidade. 


Terapia ocupacional


A Terapia ocupacional proporciona estratégias para que o paciente mantenha sua funcionalidade, apesar das dificuldades motoras impostas pela doença. São criados novos planejamentos motores no qual o paciente poderá continuar exercendo suas atividades, como se alimentar sem auxílio de terceiros, caminhar até o banheiro com menor dificuldade e conseguir se vestir sozinho. A terapia ocupacional direciona a reabilitação para que as principais queixas de perda de funcionalidade do paciente sejam atendidas.


Fonoaudiologia


É comum a dificuldade na fala e alteração na voz de pacientes com o diagnóstico de doença de Parkinson. Muitas vezes a redução do volume da voz, a hipofonia, é uma das primeiras queixas no consultório. Apesar de que alguns pacientes obtêm melhora com os remédios, o acompanhamento fonoaudiológico é essencial para manter a tonalidade da voz, com melhor entendimento por parte de familiares e também prevenir algumas complicações de fases avançadas da doença, como a dificuldade de engolir.


Leia também: Existe relação entre doença de Parkinson e Diabetes?


Opções Cirúrgicas no tratamento de Parkinson


O tratamento cirúrgico faz parte da abordagem terapêutica do paciente com Parkinson. É importante ressaltar que nem todos os pacientes se beneficiam das cirurgias! Para que o paciente seja submetido a esse procedimento, ele deve ter uma indicação e preencher também pré-requisitos necessários.


Estimulação Cerebral Profunda (DBS)


A neuromodulação invasiva foi descrita pela primeira vez em 1987 na França. Há mais de 20 anos está aprovada para o tratamento da doença de Parkinson, também do tremor essencial e da distonia. Através da corrente elétrica gerada e transmitida através do eletrodo para algumas regiões do cérebro, os pacientes podem ter melhora dos sintomas de tremor, rigidez e bradicinesia. O DBS também é ajustado e avaliada a resposta do paciente nas consultas, semelhante à como é realizado com as medicações se houver necessidade de ajuste de dose. 


Outras neurocirurgias


Além do DBS, também podem ser realizadas as chamadas "cirurgias ablativas". Essas cirurgias não incluem a colocação de um eletrodo no cérebro, porém há lesão de uma área muito pequena e específica na qual tem correlação com o sintoma do paciente. Por exemplo, pacientes que não são candidatos à cirurgia de DBS, mas apresentam tremor refratário  que não responde às medicações. 


Tratamentos Complementares e Alternativos


Outras terapias também podem ser realizadas como auxílio à terapia medicamentosa e à reabilitação. Atividades como yoga, artes marciais, dança, acupuntura e massagem podem ser realizadas. Há evidência sobre o benefício dessas atividades nos sintomas de rigidez, dificuldade de mobilidade como também dos sintomas não motores, como a dor e a depressão. Os pacientes devem ser encorajados a realizar essas terapias para auxiliar o tratamento. 


Perguntas Frequentes


Qual é o tratamento mais eficaz para a doença de Parkinson?
Não existe medicamento ou tratamento mais eficaz para o Parkinson. Porém, existe a melhor intervenção para cada paciente. Essa decisão leva em conta a idade do paciente, a funcionalidade, medicações que já faz uso e em qual fase da doença ele se encontra.


Os medicamentos para Parkinson têm efeitos colaterais?
Os efeitos colaterais mais comuns das medicações do Parkinson são náuseas, vômitos, sonolência, tontura, algumas medicações podem causar alucinações e também impulsividade. 


A Estimulação Cerebral Profunda é segura?
Como toda cirurgia, há um risco relacionado ao procedimento. Esse risco é de cerca de 2% de infecção. Em geral, quando ocorre, a infecção é autolimitada e se faz necessário o uso de antibióticos. Em alguns casos mais raros, há necessidade de retirada do aparelho. Outra complicação que pode ocorrer devido à cirurgia,  é o sangramento intracraniano que ocorre em cerca de 1% dos casos.


Existem tratamentos naturais eficazes para o Parkinson?
Não há nenhuma medicação que use como substrato fármacos fitoterápicos que tenham uma boa melhora dos sintomas da doença.


Como posso saber qual o melhor tratamento para mim ou para meu ente querido?
Essa escolha é feita em uma consulta médica após avaliação do caso do paciente e discutido com o paciente e familiares sobre as principais medidas estratégicas para o seu caso. 


Os tratamentos para Parkinson podem parar a progressão da doença?
Infelizmente nenhuma medicação retarda a progressão da doença, são medicações sintomáticas. A única medida que desacelerou a progressão do Parkinson foi a atividade física aeróbica.


Quando considerar a Estimulação Cerebral Profunda ou outras cirurgias para Parkinson?
Os tratamentos invasivos são indicados quando o paciente se apresenta em uma fase moderada à avançada da doença. Quando há complicações motoras, como discinesias incapacitantes ou wearing off, ou tremor refratário.


Há novos tratamentos para Parkinson em desenvolvimento?
A bomba de foslevodopa-foscarbidopa subcutânea é uma medicação que está com previsão de chegada ao Brasil em 2025. Está sendo utilizada em outros países, como no Japão e na Alemanha, com boa resposta terapêutica! É uma terapia contínua parenteral na qual há menos efeitos adversos relacionados a rápida absorção, como as discinesias, e também com a lentificação intestinal, como o
delayed on!


Conclusão


O tratamento da doença de Parkinson requer uma combinação de abordagens terapêuticas. Isto inclui não apenas medidas farmacológicas com medicações, mas também reabilitação e manejo dos sintomas não motores.


Tratamento da Doença de Parkinson em São Paulo


Se você está à procura de ajuda médica, sou a Dra. Ana Rosa, neurologista com foco em doença de Parkinson, Tratamentos Minimamente Invasivos e DBS. Com uma abordagem empática e baseada em evidências, me dedico a oferecer aos meus pacientes cuidados de alta qualidade, focados não apenas no tratamento dos sintomas, mas na busca pela melhoria contínua da qualidade de vida.


Entre em contato e continue aprendendo no meu blog.

Gostou do artigo?

Compartilhe nas redes sociais

Tem algo a dizer?

Deixe um comentário

Continue lendo

Artigos recentes

parkinson tem cura
Por Ana Rosa 25 de setembro de 2024
A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo. Entenda aqui se ela tem cura.
parkinson é hereditário
Por Ana Rosa 20 de agosto de 2024
Sabemos que há influência genética no desenvolvimento da doença, porém a mutação em um gene específico só ocorre em 10-15%. Saiba mais.
cirurgia de estimulação cerebral profunda
Por Ana Rosa 14 de agosto de 2024
A cirurgia de estimulação cerebral profunda consiste na colocação do eletrodo de DBS em regiões profundas do cérebro. Saiba mais sobre o procedimento.
dbs parkinson
Por Ana Rosa 25 de julho de 2024
Há mais de 20 anos, o DBS é utilizado no tratamento da doença de Parkinson, oferecendo uma resposta excelente na redução dos sintomas. Entenda mais.
estimulação cerebral profunda
Por Ana Rosa 12 de julho de 2024
Entenda neste conteúdo o que é a Estimulação Cerebral Profunda (DBS) e suas principais indicações e benéficos aos pacientes. Acesse e saiba mais!
Especialista em Parkinson
Por Ana Rosa 18 de junho de 2024
Descubra a importância de consultar um especialista em Parkinson. Entenda como o neurologista desempenha um papel crucial no diagnóstico e tratamento dessa condição, proporcionando uma melhor qualidade de vida para os pacientes.
Parkinson e Diabetes
Por Ana Rosa 6 de maio de 2024
Afinal, existe relação entre a doença de Parkinson e diabetes? Confira aqui os estudos recentes e os fatores de risco.
estágios da doença de parkinson
Por Ana Rosa 6 de maio de 2024
Estágios da doença de Parkinson: Entenda como é a evolução do quadro com a Dra. Ana Rosa, Especialista em Neurologia pela USP.
fatores de risco para parkinson
Por Ana Rosa 26 de março de 2024
Compreenda os fatores de risco associados à doença de Parkinson e saiba o que é possível fazer para prevenir a doença. Leia mais!
O Que é a Doença de Parkinson
Por Ana Rosa 18 de março de 2024
A doença de Parkinson atinge milhões de pessoas, e entender seus sintomas é essencial para um tratamento precoce e eficaz. Leia mais.
Mais Posts